Gilberto - parte 2
Gilberto Leme não foi uma pessoa de muitos amigos, e os poucos que acompanharam sua triste história nada se abalaram com sua morte repentina, como se esperassem seu fim trágico, já que ele era tão melancólico, tão solitário e tão insignificante. Foi um aluno medíocre do jardim de infância à colação de grau na faculdade. A única coisa que o fazia passar de ano ou de período eram os incontáveis "post it" que pregava pelas paredes de seu quarto, repletos de fórmulas matemáticas, datas, verbos, estátisticas e desenhos que ele não necessariamente lia, mas seu cérebro fazia questão de memorizar. Assim são várias coisas nesta vida medíocre: não é preciso que elas façam coisa alguma, basta que elas estejam lá. Foram seis os vestibulares que prestou, e quando estava quase desistindo (com um idéa-fixa, ou sonho idiota, de ser pedreiro-boxeador), conseguiu entrar numa universidade pública. Odiou o curso desde o primeiro período, mas não o largou por preguiça ou por simplesmente saber que odiaria qualquer outra faculdade. Formado, ficou deprimido mas não deixou que ninguém percebesse. Como se fosse fazer alguma diferença.
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