Wednesday, January 11, 2006

celebration (1998)

i saw a girl today
she was wearing a green dress
walking her cuddly dog
she was whispering songs of love
she was lovely
she was so pure
she was belle beyond compare
watching people rushing around
celebrating nothing with a smile

i saw a boy today
his image blurred in a puddle
running through the park
he was singing poems of his own
he was passion
he was so true
he was struggling for his soul
staring at the sunny blue sky
celebrating nothing with a smile

they met each other without a reason
and in their eyes lay the same treasure
celebrating nothing together
making sure they were ready
they were tender
they were so naive
they were above the world
seizing what was yet to come
and celebrating nothing with a smile

Monday, January 09, 2006

visita

minha irmã veio me visitar hoje. ela estava diferente. trouxe um bolo. não queria demonstrar nenhum sinal de cansaço. não é meu aniversário. não que eu me lembre. sentou-se à minha frente e começou a contar como tinha sido sua semana. a rotina a acalmava, pensei. ela usava uma blusa leve, com uma cor alegre. falava olhando para a minha boca, para o meu queixo, para o meu pescoço. e de repente cruzou os braços e olhou ao seu redor. esfregou as mãos nos braços, como se estivesse com frio. mas não faz frio aqui. nunca faz frio, nunca faz calor. não ouço mais música. voltou-se para mim e continuou. eu percebi que ela tinha respirado fundo. contou que seu filho agora faz aulas de caratê. estava disciplinado, e tinha prometido tirar boas notas. ela se orgulhava dele. a mais nova não urinava mais na cama. mais orgulho. seu marido tinha boas perspectivas na empresa. lembrou-se que eu também tinha uma vida. perguntou o que eu tinha almoçado. se ajeitou na cadeira. tinha cortado o cabelo. pintado, talvez. tentei me lembrar de como estava da vez anterior. mas minha memória não consegue armazenar cores. tinha uma aparência mais sóbria. a blusa tentava disfarçar. inclinou-se um pouco para frente. pensei que ela iria pegar meu braço, me levar até a janela. ela recuou. eu não disse nada. tentando se reabilitar, abriu a bolsa. procurou por algo, sem sucesso. virou-se para mim deu um sorriso triste, franzindo a testa. ela sabia. eu sabia. nunca mais a veria.

Sunday, January 08, 2006

banquete

it feels like a thousand years.
it weighs like an entire planet.
it hurts like a million stings.

eu preciso de uma corda, seis nós. tudo que eu disse, todas as músicas que escrevi, ecoaram no vazio. não existe luz no fim do túnel. eu vou voar, posso voar, voar como o superhomem. a água quente vai diminuir a dor nos pulsos. e logo ali na esquina, há uma drogaria. a distância me torna mais belo, mas de perto a água é tão rasa. e a água não é limpa.

Saturday, January 07, 2006

Micro história 2 - Estrada

“Sei que estamos apenas começando, mas quero saber aonde estamos indo.” “Eu não sei. Como poderia saber?” “Achei que você soubesse, antes mesmo do início.” “Mas eu não sei. Vai mudar de idéia?” “Claro que não. Eu até prefiro assim.”
E foram.

Micro história 1 - Muita estimação

Ela chegava em casa e corria para o sofá, se escondendo debaixo das almofadas. Ele vinha correndo, arfante, pulava em cima dela, e ia se espremendo entre os espaços livres.
Quando se encontravam, ela o abraçava com a maior paixão do mundo. E o cheirava, muito, para nunca se esquecer dele. Ele a entendia, melhor do que qualquer humano jamais iria entender.