Thursday, June 12, 2008

Ouça!

(...)

Cabe tanta música nesses dois minutos de silêncio.

Silêncio que só é válido por incentivar nossa imaginação auditiva. Dois minutos. Tantas notas soltas, curtas e precisas ou extensas e graduais, que a gente nunca sabe de onde vêm, nem quando acabam, cada uma delas uma palavra de amor, de ódio, de ressentimento, de arrependimento. Dois minutos. Também cabem muitos acordes: os maiores, que definem pessoas, lugares, datas; e os menores, que descrevem situações, relacionamentos, críticas. Dois minutos! Cabe tanto som nesses dois minutos que o silêncio se torna um criminoso sorrateiro, o pior dos vilões: aquele que nos tira o que nem sabíamos que poderia nos pertencer. E o preencheríamos com tanta melodia, esses dois minutos desperdiçados, e eles seriam pincelados com variações de tons, criados e recriados com as mais inusitadas cores musicais. Dois minutos. Cabe tanta harmonia, toda uma sinfonia sobre o inferno, sobre os céus, sobre a condição humana!

Mas, silêncio! Ouça.